segunda-feira, janeiro 24, 2005

Procuram-se Briefings

Pronto,
já um tipo não pode curtir a sua onda "Baixo" (tradução do google para Down).
Quando se tem um blog para actualizar, temos de dar o corpo ao manifesto e aparecer.
Nestes dias tive a habitual constipação e a tratar dos daqueles afazeres de quem não tem o tempo ocupado. Serviu também para pôr o sono em dia.
Hoje foi o dia de tratar do carro: tapetes, bateria e motor dos vidros elétricos.

Mas o que eu sinto falta é do briefing. Eu não sou um artista, não escrevo do ar. A criatividade vem inserida num contexto, como resposta a uma necessidade.
(A próxima frase deve ser lida ao estilo José Hermano Saraiva)
E foi aqui, neste momento de grande necessidade, que surgiu o meu amigo, o Grande Pek, que disse:
(passar à voz típica do Português que dá sugestões sobre tudo e mais alguma coisa)
Olhaaaaa. Porque é que não fazeeees uma frase para eu publicitar o meu blog ? Hein ?

(voltar à voz normal)
E como um briefing é um Briefing, aceitei e apresentei duas propostas:

(Voz Off)
Estilhaços- Pedaços da alma de um corpo mortal

(Voz Zé-Manel)
Clica Aqui e vê esta cena carago.

terça-feira, janeiro 18, 2005

Alguém tem por aí um emprego para CopyWriter?

Pois é.
Este Blog corre grande perigo.
Eis que o meu estágio chega ao fim e pelos vistos não me querem mais por cá.
E olhem que encontrar emprego no mundo da escrita não é nada fácil (especialmente no mundo da publicidade).
Ali, na recta final, ainda achei que era possível, mas afinal não.
Não me disseram porquê e eu também não perguntei.
Resta-me agora passar pela despensa, pegar nas galochas, no chapéu e na cana, encher-me de garra e ir à pesca do novo emprego.

Portanto sintam-se à vontade para me contactarem se precisarem ou conhecerem alguém que precise de escrever:

- Um spot de rádio
- Um press release
- Um blog
- Um diário
- Um discurso
- Um anúncio de imprensa
- Um poema
- Um manifesto
- Uma declaração de intenções
- Uma carta de amor
- Uma proposta

Qualquer coisa.
Você Pensa. Eu escrevo.

Vá. Bora lá ai a chover com propostas. Bútes

Uma tese de doutoramento em 3 palavras

“Puero si muove”

Estas são as 3 palavras mais bonitas da história.
Resumem em si a mais importante descoberta e a maior tese de Doutoramento que alguma vez terá sido feita pela Humanidade.
Galileu após ter sido repetidamente torturado e ameaçado, receando pela própria vida, afirmou que a Terra era o centro do Universo.
Felizes com esta afirmação, os inquisidores celebraram a vitória e deixaram-no livre.
Mas logo de seguida, Galileu vira-se para os que estavam mais perto e prontos para o ouvir e sussurra:
“Porém ela move-se”.


P.S. Lima. Boa sorte para a tua tese

segunda-feira, janeiro 17, 2005

Viagem ao mundo da Homossexualidade

Quando eu era pequeno...eu não tinha jeito nenhum para dançar. Era muito desajeitado; como se costuma dizer, tinha dois pés esquerdos, embora estivesse cada um devidamente virado para o seu lado.
Quando já andava na faculdade decidi ir aprender danças. Eu achava mesmo piada àquilo.A séerio...... não era só para arranjar miúdas.
As aulas tinham quatro níveis:
O “não dá uma para a caixa”; o “vai se amanhando”; o “garanhão” e o “Homossexual”.
Eu comecei no primeiro onde me encaixava perfeitamente, mas com o tempo fui acertando na caixa (sei lá o que é que isso quer dizer), fui me amanhando e fiquei um verdadeiro garanhão. A sério, isto de dançar dá um jeito enorme com as raparigas.
- Oh se dá.
Mas o problema foi quando eu já estava a dançar mesmo muito bem. Pois é.
O meu professor veio falar comigo e disse-me que eu não podia aprender a dançar melhor.
-Mas porquê?
- Se dançar melhor você tem de ser Homossexual?
- Ser Homossexual? – perguntei – Isso agora não dá jeito nenhum. Numa fase destas ? Pah, que maçada.
- Pois. Tem de ser. São as regras do clube. Confirmou ele.

Naquela de descobrir como funciona isto da homossexualidade fui até à Opus Gay. Talvez encontrasse alguma forma de ser sem o ser.
Quando lá cheguei fui recebido pelo angariador de novos membros: um tipo bronzeado que utilizava uma t-shirt justa em rede e falava Brasileiro.
Comecei por perguntar de que zona do Brasil ele era, mas ele respondeu logo que não era brasileiro. O sotaque era apenas uma questão de imagem. Um brasileiro dá sempre um homossexual mais credível. Segundo ele, homossexuais portugueses são muito banais. Não quis discutir isso com ele. Deixei-o levar a bicicleta.
Depois comecei a perguntar se eu podia ser homossexual sem o ser realmente. Ele lá ficou a pensar sobre o assunto. Mas depois tentava ver logo se me convencia:
-Olha que isto de ser homossexual é giro. Vestimos umas roupas giras, temos umas festas nices.é bacano.
- Sabes? –respondia eu- Eu até não tenho nada contra, mas é que agora não dá jeito. Tive tanto trabalho para construir uma imagem de Gáijo e agora até já conseguia arranjar umas raparigas.
- Mas olha que elas gostam sempre mais dos homossexuais.
- Mas de que é que me vai servir se eu for Homossexual ?
Lá continuámos, mas para mudar de assunto fui lhe explicando alguns pontos porque eu devia receber o cartão de homossexual, sem fazer nada mais hard-core.
Expliquei-lhe que também fazia teatro. Aí ele insistiu que eu dava um bom Homossexual e que para ser bom no teatro também tinha de o ser. Mas aí eu expliquei que não pretendia ser bom actor, preferia vir a escrever peças.
Continuámos a conversa e ele explicou que sendo Homossexual eu teria de pagar quotas para a Opus Gay. Respondi logo que não havia problema com isso. Mas depois ele disse que eu tinha de ir às reuniões. E foi aí que eu fiquei mais preocupado. Eu já tenho tão pouco tempo livre...
- Durante a semana estou ocupadíssimo e ao fim de semana tenho as reuniões do Movimento ........ –expliquei eu
Com muita insistência ele acabou por concordar.
Mas depois continuamos com algumas conversas até que ele perguntou se eu gosto de crianças. E eu respondi:
- Muito. Já tenho trabalhado com crianças em várias circunstâncias e de várias idades e com vários tipos de problemas. Gosto muito de trabalhar como educador ou simplesmente brincar com elas. Acho que nos ensinam muita coisa e tornam a vida muito agradável. Eu próprio sou uma criança assumida.
- Então não pode-respondeu ele- Os homens não podem gostar de crianças. Só as Mulheres. Se um homem gostar de crianças de certeza que é pedofilo e não queremos relacionar isso com os homossexuais, porque depois vêm os jornais a dizer que há uma ligação e podemos voltar a ser perseguidos. E isso não pode ser,claro.
Claro que o convenci de que os meus métodos com crianças não envolviam nada que pudesse ser recriminado ou ser de alguma forma considerado imoral, mas ele não me quis ouvir. Disse que eu não poderia ser Homossexual em nenhumas circunstâncias e que deveria largar imediatamente as danças e o teatro.
Pronto, assim o fiz. Larguei as danças e o teatro. Apenas faço um bocadinho de vez em quando, para seduzir uma rapariga, mas não posso fazer muito. Não vá eu melhorar.
Voltei para as artes marciais, para a minha vida política e para a faculdade como um bom heterossexual que sou.E foi esta a história da minha viagem ao Mundo da Homossexualidade.

sexta-feira, janeiro 14, 2005

Portugal Enterrado e o Zé Manel

A grande maioria dos Portugueses que vive numa cidade gosta de ir passar férias a um sítio que chama a "Terra". Não tem nada a ver com o planeta Terra, é apenas o nome que dá à pequena povoação onde gosta de ir descansar na quinzena de férias em que não vai para o Algarve.
Ao Portugal que engloba todas essas localidades vou dar o nome do Portugal Enterrado. Não quero com isto ofender ninguém. Apenas demonstrar aquele sentimento que todos nós temos ao voltar a esse local onde encontramos memórias há muito enterradas.

O meu cantinho pessoal de portugal enterrado é uma pequena povoação chamada Silvadal, que tem apenas uma tabuleta a indicar e que o intelectual da zona teve a simpatia de acrescentar "HO" para ficar "Silvadalho". Que bonito, o rapazinho devia ser um copy.

Os habitantes mais jovens do Silvadal gostam de por a toalha ao ombro e ir pela estrada e posteriormente por um caminho de cabras para chegar até ao Rio, num ponto onde existe uma pequena cascata e uma daquelas paisagens magníficas de Portugal enterrado.

Muitas das vezes que percorremos este caminho, passa por nós um Renault 19 Branco e alguem grita:
- Olha o Zé Manééééééél.
E todos respondem:
-Uoooooooooooooooooooooh

e assim acontecia várias vezes: "Olha o Zé Manéééééél", "Uoooooooooooooooooooooh"

Por vezes quando íamos a pé até às grandes festarolas da Barriosa lá passava o Renault 19 Branco e lá se ouvia: "Olha o Zé Manéééééél", "Uoooooooooooooh"

Vocês sabem quem é o Zé Manel? : Ele é o filho da Irmã do Marido da Dª Jeromina. Não sabem quem é a Dª Jeromina. Claro que sabem. É cunhada do sogro do tio do Joaquim.
Pois o Zé Manel vive numa zona incerta chamada por todos como "por trás dos Outeiros"
Ah Pois.

Um belo dia de sol naquela povoação chamada Silvadal ouvimos alguém dizer mais uma vez:
"Olha o Zé Manééééél" Mas quando dissemos "UooooooooooooH" apenas passava um Citroên AX.
Acontece que o Senhor, mais dado para o rapaz, tinha estacionado o Renault 19 branco e vinha a pé. E conhecemos a figura que era merecedora da saudação Silvadalmente conhecida como:
"Olha o Zé Manel", "Uooooooooooooooooooooh"

E como todos vós conhecem uma povoação assim como o Silvadal, onde existe um Zé Manel e um Renault 19 Branco que vêm lá de trás dos outeiros, espero contar algumas histórias desta personagem que nunca aconteceram, mas podiam muito bem ter acontecido com este ou qualquer outro Zé Manel.

UOOOOOOOOOOOOOOOOOOOH

quarta-feira, janeiro 12, 2005

Festa na Agência

Hoje houve festa na agência.
Começou por um almoço com catering e uns pormenores simpáticos mas normais.
Como é costume os empregados do catering estavam com aquela cara de :
"odeio pessoas bem dispostas. O meu proximo trabalho há de ser numa agência funerária."

Mas entretanto não se sabe bem porquê foram se pondo músicas apimbalhadas. O melhor que passou foi Glorya Gaynor com "I Will Survive". Imaginem o resto.

A páginas tantas estavam as mulheres a fazer o comboio. Iam saindo da empresa, mas lá se lembraram do aspecto. Entretanto as mulheres ocupavam a sala de reuniões e nós, Homens, ficamos com algum medo de lá entrar. Mas lá houve um corajoso, que acabou por sair de lá a fugir de uma senhora que o tentava agarrar à força. Antes dele saiu ainda a camisola que foi despida pela comunidade feminina

Os copos foram continuando, as musicas foram piorando e a paginas tantas a aniversariante agarrou-me para dançar e lá descobriram o meu segredo (danço demasiado bem para um branco). Feita a figura acabei por me desinibir e juntei-me à parvalheira.

Entre umas pessoas que já não andavam a direito e outras que tiveram de ser ajudadas, estou para ver as reacções amanhã.
Entretanto o meu computador tinha avariado justamente no dia em que faltou a designer que trata da informática.

Eu adoro trabalhar em publicidade.

terça-feira, janeiro 11, 2005

A pedido de várias famílias ...

... vou tentar reduzir o tamanho dos meus posts.

Já não basta o trabalho como copy que nos exige fazer teses de doutoramento em 3 palavras, agora vou ter de ceder o espaço de puro desabafo a essa arte do "downsyzing lírico", mas como o cliente é que manda e aqui o cliente são vocês...
:)
obrigado pelas vossas sugestões

Um dia no estúdio

Nesta segunda feira fui finalmente aos estúdios acompanhar a gravação dos anúncios.
Afinal desta vez até tive oportunidade de comentar com os actores o que eu estava a pensar. Inclusivamente deu para fazer alguns ajustes, mas quem tinha a última palavra era sempre a senhora que estava fora do estúdio para quem telefonavamos e numa chamada de 30 seg. tomava todas as decisões. Ainda conseguiu arruinar um dos anúncios assim como quem não quer a coisa.
Mas pronto, hoje não estou aqui para falar mal.
O que eu quero é contar sobre o ambiente de estúdio. É tal e qual como vocês imaginam.
Uma grande vivenda transformada para o efeito com várias salas com diferentes objectivos.
Numa delas era onde se faziam as locuções. Toda em madeira, tal e qual como imaginamos, e com uma pequena salinha com um microfone e duas portas de vidro sobrepostas.
Depois o Sr. que dirige aquilo tudo tem um painel que mais parece um cockpit de um avião. Tinha para além de toda a aparelhagem imaginável um aparelho que fazia comunicações para Espanha. Assim era possível seguir de lá em directo aquilo que se fazia cá.
Mas o mais interessante eram as pessoas.
Um dos Homens mais cativantes era um Sr. já da sua idade que alguém disse logo “se tu estas ca vais fazer de Pai Natal”. E era verdade, depois lembrei-me que um dos meus anúncios metia um Pai Natal. Enquanto não começava, ele contava umas piadas sobre precisar de um cordel para segurar a pilinha devido à idade.
Outra personagem muito interessante era uma rapariga que fazia teatro para crianças e que tem daquelas vozes muito animadas. A piada desta rapariga era dançar enquanto falava nas locuções, e também dançar enquanto não falava. Basicamente estava sempre a dançar. Entretanto explicou-me que fazia teatro para crianças, porque fazer teatro para adultos é muito chato.
Mas a parte mais gira foi resolver finalmente o enigma da Voz Off. Uma voz off é aquela voz seca e extremamente forte que aparece no final dos anúncios. Sempre me interroguei se as pessoas que fazem voz off falam constantemente em voz off. E a resposta é “SIM”. Andava pelos estúdios um Homem a falar constantemente em voz off e a dizer piadas porcas. A representante espanhola da nossa cliente demorou algum tempo a parar de rir.

É um previlégio de que nem todos se podem gabar: ouvir uma anedota porca em voz off.
Apareceram também dois rapazes muito radicais que fazem vozes mais “cool”, um deles dos morangos com açucar. Não me perguntem o nome da personagem que eu não sei.
Mas a parte mais cómica do dia foi quando conheci a voz do Canal Panda. Sabem aquelas vozes extremamente fininhas, muito infantis, muito queridas e muito entusiasmadas dos desenhos animados do canal panda? Pois, eu tive a hipótese de assistir a isso.
E o rapaz que fazia as vozes era nada mais nada menos do que um modesto brutamontes com uns piercings, uma tshirt ao estilo Cheguevara, cabelos compridos como um bom revolucionário e músculos que metiam medo a qualquer um. Pondo tudo isto de parte era um bacano que nos esteve a contar da peça de teatro em que participava.
Depois há também todas aquelas situações que imaginam, uns anúncios saem bem ao fim de 3 ou 4 tentativas, outros demoram horas para se definir o que se quer. A única parte chata é escolher as músicas para se pôr nos anúncios. Aí temos de os rever 10, 20, 30, as vezes que forem necessárias.
Mas o 1º dia no estúdio é sempre muito interessante


segunda-feira, janeiro 10, 2005

Ele há dias

Há dias em que o trabalho nos deixa com vontade de chorar.
Estamos a trabalhar com uma ideia. No percurso temos contradições com os nossos colegas de trabalho. Temos muitas ideias parvas e algumas mais ao menos.
Uma a seguir à outra, vamos deitando ideias para o lixo.
Até que ao final de muita luta, pegamos numa delas e damos-lhe algum seguimento, ela começa a tomar forma.
Mas de vez em quando ela empanca, nós puxamos, torcemos, damos a volta e ela prossegue.
E assim vai continuando o dia. Um passo à frente, um passo atrás, muitos passos ao lado.
Vira revolta e dá a volta. A luta continua, não podemos parar.
Mas nada nos desmotiva. Somos criadores, somos lutadores, sabemos que nada vem sem sacrifício e estamos dispostos a transpirar por aquela ideia simples que diz tudo, por aquela ideia que vai dislumbrar, que vai encantar, que vai deixar todos interrogados sobre a origem do pensamento.
Dão-se mais uns toques, uma cor, um brilho e uns pozinhos mágicos.
A ideia está a ganhar vida, já chora, já respira mas ainda não consegue abrir os olhos. Os pais observam orgulhosos a imaginar qual vai ser o seu futuro.
De repente entra o patrão e diz:
“Não foi isso que eu vos disse p´ra fazer. Não quero saber o que é. Seja lá o que for,mandem essa merda fora que eu já vos disse o que queria.”
E depois tem a sarcastica simpatia de nos dizer a sua ideia, algo que ia contra todos os propósitos do anúncio, uma ideia que nem merece ser chamada de ideia, apenas um desabafo,um comentário mordaz digno de um oprimido que se quer afirmar.
Pensando que não interessa o valor das minhas ou das nossas ideias, mantenho-me no silêncio. Nenhum argumento é valido perante tal postura e os escravos limitam-se a seguir as ordens do seu Senhor.
Observamos impotentes à tempestade que destroi as pequenas embarcações da criatividade. Aguardamos apenas que a tempestade passe.
Convencido, junto com toda a equipa, que aquela ideia não tinha qualquer valor, atiro outra para o ar. Nada de muito original, apenas algo que ia de acordo aos objectivos de quem manda. A minha equipa ri-se com vontade da ideia. O patrão sorri e com um ar condescendente diz algo como “está bem”
Convencido que esta nova ideia não era nada de jeito penso:
“SEJA, ao menos é uma ideia minha”

domingo, janeiro 09, 2005

O Desábito não faz o copy

Há vezes em que eu gostava que fosse obrigatório utilizar gravata.Aí não tinha de parar para pensar ”o que é que eu vou levar?”Se existir uma regra que diz que eu tenho de utilizar um certo tipo de roupa ninguém me vai julgar por aquilo que eu visto.Mas se tenho de ser eu a escolher o tipo de roupa, então toda a gente vai partir do princípio que o meu estilo de roupa indica o tipo de pessoa que eu sou, a minha cor política, as minhas capacidades de trabalho, os meus objectivos e os sítios onde vou à noite. Claro que eu podia sempre utilizar a gravata. Mas aí iam dizer “aquele impertigado tem a mania que é mais do que os outros”. Então para não ser mais do que os outros utilizo uma roupa casual, mas ai dizem “ aquele desleixado tem a mania que é mais do que os outros”. Claro que aqui a lógica é entrar na mesma onda dos outros. Pois tudo resolvido, excepto que a maioria das pessoas que trabalha nesta empresa é mulher. E vocês sabem como são as mulheres, utilizam sempre aquele tipo de roupa que não é casual nem desportiva,que tanto dá para lavar o chao, como para ir a um restaurante fino. Para elas, existem uma série de regras, mas nós não percebemos, ou pelo menos eu não percebo. E volto eu para a grande incógnita.Poh, pessoal eu estou aqui para trabalhar. Querem que eu vista uma t-shirt, eu visto, querem que eu vista gravata, tudo bem. Um vestido, uns brincos e uma pochete, na boa.Se me querem conhecer, venham falar comigo, perguntem-me o que eu penso sobre os assuntos. Não esperem saber quem eu sou pela marca da roupa que visto.

sexta-feira, janeiro 07, 2005

Eu sou um Freak do Word.

Eu sou um Freak do Word. Há também quem diga que sou um copywriter, um gaijo que faz anúncios, um escritor ou um criativo. Mas eu prefiro dizer que sou um Freak do Word.Uma criação é sempre algo complexo. Desde os primórdios do marketing que consideramos que começa no consumidor e nas suas necessidades. Depois passa pela estratégia, mas passa também por actores, por técnicos de som e imagem e todos eles são criativos. Mas nesta perspectiva também os contabilistas, os educadores de infância e o vendedor de sapatos são criativos. E é verdade, em todas as profissões e mesmo no dia-a-dia todos somos criativos.Mas se quisermos falar em autores altera-se completamente o contexto. Se quisermos falar numa criação como um todo, temos de assumir todo o processo para a sua criação desde a sua necessidade até à sua aplicação.Mas isso eu não eu não tenho opoprtunidade para fazer. Não converso com o meu cliente, não dou as indicações aos actores, nem discuto com os técnicos cujo papel é importantíssimo, mas muitas vezes ignorado. A maioria dos freaks do Word nem se dá ao trabalho de analisar o resultado visual ou sonoro de algo que escreveu para poder aprender com os erros. Será que aquilo que nós escrevemos sai como pensamos. Será que aquela técnica que utilizamos dezenas de vezes não está a resultar em asneiras em série? Onde é que está a aprendizagem.Começando pelo contacto com o cliente. Eu preciso do account. Para gerir prazos, orçamentos, fazer a maioria dos contactos, essencialmente preciso dele como um gestor. O account deve ser, como se propõe, a ser um gestor de clientes. Mas eu preciso de discutir com o cliente o que ele pretende da comunicação da sua empresa. Que estratégia quer seguir ? Inclusivamente, devo ajuda-lo com a minha experiência que é complementar à dele a construir orçamentos, objectivos e acima de tudo calendários. Não pretendo dizer a ninguém como fazer o trabalho deles, porque cada um é um especialista da sua área, mas sendo eu um profissional de comunicação não vou falhar logo à partida recebendo a mensagem de briefing com imenso ruído. O account existe para ajudar, mas a maioria das vezes acaba por ser visto como um tirano.E que tal uma conversazinha com os actores? Os actores são sempre um pouco esquizofrénicos. Eu que o diga, que já fui actor e escrevia peças sempre com personagens esquizofrénicas. O actor está sempre dividido entre ser artista e ser profissional e se for um bom actor aceita conselhos sobre como gerir este paradigma. Mas acima de tudo, os actores têm imensa criatividade e sabem construir personagens como nenhum “freak do word” sabe. Se conversarmos com o actor, ele vai dar várias boas sugestões e vai compreender qual o objectivo que temos para ele.Os técnicos, embora tenham menos manias de artista, são verdadeiros incompreendidos. Quer sejam técnicos de som de tratamento de imagem ou de filmagens só eles percebem verdadeiramente do seu trabalho. Nós percebemos do word, não sabemos de close-ups, nem de frames nem de outras questões técnicas que eles dominam. Não entendemos mas também não temos de entender. Mas quem é que entre nós não sonhou já em criar um anúncio com cenas à Pulp Fiction ou até Matrix? Mas não sabemos o que é possível ou não fazer. Claro que há sempre uns que conseguem mais do que os outros, mas a questão é quanto consegue fazer a nossa equipa técnica. E à semelhança dos actores eles também são muito criativos. Será melhor cortar-lhe o fluxo criativo, dar-lhe toda a liberdade ou sentarmo-nos ao lado deles e dizermos o que queremos e ouvir o que ele tem para dizer. A partir de um certo ponto temos uma linguagem comum, especialmente se trabalharmos frequentemente com a mesma equipa profissional. Por muito que eu gostasse de estar a trabalhar numa praia na Républica Dominicana enquanto enviava os meus trabalhos por mail, um copywriter tem de estar envolvido em todas as fases da construção publicitária. Numa fase mais avançada, cada criativo tem os seus clientes e escolhe as equipas técnicas com quem quer trabalhar. As agências funcionarão como associações onde os criativos se juntam cada um com os seus clientes, para aproveitar as várias sinergias de contactos e economias de escala.