Não há beleza num mundo triste
Odeio escrever algo quando estou triste.
Não compreendo porquê, mas existe uma ideia que quando as pessoas estão tristes escrevem os textos mais belos.
Os nossos conceitos estéticos estão ligados às nossas emoções e quando estamos tristes tudo é grotesco, feio e desagradável.
Eu adoro sonhar, sempre adorei sonhar. Só parei de sonhar quando achei que algumas coisas me estavam a passar ao lado por estar a sonhar e depois voltei a sonhar por perceber que mais me iriam passar por ter parado de sonhar.
Quando estamos tristes sabemos apenas olhar para baixo e reparar naquilo que caiu, conseguimos pensar naquilo que já tivemos e que já perdemos sem nunca dar o valor que isso teve para nós.
Mas quando caímos sabemos sempre o que temos a fazer:
Primeiro olhar em redor para ter a certeza que não vamos ser atingidos novamente. De seguida colocamos as mãos de forma a nos levantarmos e olhamos para cima.
Aquele pequeno instante em que pensamos "aqui vou eu levantar-me outra vez" determina tudo. Algumas vezes levantamo-nos tão depressa que acabamos a bater num candeeiro baixo e cair outra vez. Outras vezes tentamo-nos rir da nossa própria queda.
Mas com a experiência aprendemos a levantar-nos com alguma calma, com um sorriso interior de quem já sabe que cair faz parte da vida.
Hoje dei por concluída uma das maiores amizades que já tive e também um dos meus part-times. Este part-time não dava dinheiro quase nenhum, mas era algo que eu gostava de fazer e que já tinha inclusivamente feito de graça.
Mas não vos quero falar do sabor do asfalto, não vos quero falar das sombras daqueles que passam por nós sem nos ver no chão.
Quero apenas contar-vos que existe um mundo grandioso onde o sol brilha, mesmo por trás das nuvens e que através de muito esforço, depois de nos levantarmos muitas vezes alcançamos finalmente o equilíbrio.
Quero lembrar-vos que por muito que vos doam os joelhos vale sempre a pena levantarmo-nos de novo.
E digo-vos em tom de terminação, que o momento que eu mais gosto é aquele em que sacudimos o pó das mãos e nos preparamos para outra.
7 Comments:
É dos textos mais bonitos que já te li! Sabes, a fragilidade é uma coisa bonita... Tem a sua beleza própria, digamos assim. Coragem...
A ultima coisa que quereria ter lido hoje, mesmo hoje, em que me sinto tao oca por dentro. Cair faz parte da vida, levantar acontece mais cedo ou mais tarde... Acho e que estou cada vez menos com vontade de sacudir as maos e dizer bem alto: "bora, estou pronta para outra". Nao e que me doam os joelhos, nem pensar, eu bem que me estico, mas nao ha la nada, so vazio. Forca freak, descobre o que la ha e depois diz-me. Xana
Receita para sair do asfalto:
- Uma hora a ver notícias, notícias do mundo… Um banho de realidade faz sempre bem aos momentos mais devastadores.
- Telefonar a um bom amigo, depois de te certeficares que ele tem tempo para ti, só para ti, durante uma hora pelo menos.
- Esta chuva de realidade vai-te fazer certificar que há um mundo lá fora que precisa de ti e que ainda tens bons amigos com quem contar. Aí podes novamente analisar o problema com uma perspectiva acompanhada de raios de sol e mesmo que leve à conclusao que o cenário é mesmo negro, é um negro mais brilhante.
Forca nesses Joelhos!!
"Os nossos conceitos estéticos estão ligados às nossas emoções e quando estamos tristes tudo é grotesco, feio e desagradável."
gosto das tuas confissoes, tao bonitas, tao sinceras. tao simples :)
Beijo**
www.rodadosventos.blogspot.com/
E está dito...
Ass: Gattaca
Quando sacudimos as mãos elas ficam limpas, de novo, e nossas, de novo.
"Odeio escrever algo quando estou triste.
Não compreendo porquê, mas existe uma ideia que quando as pessoas estão tristes escrevem os textos mais belos."
Bem verdade... E este pelos vistos não foi excepção... :)
Para não variar escreves-te um testamento... mas deixa lá... :P
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