segunda-feira, janeiro 10, 2005

Ele há dias

Há dias em que o trabalho nos deixa com vontade de chorar.
Estamos a trabalhar com uma ideia. No percurso temos contradições com os nossos colegas de trabalho. Temos muitas ideias parvas e algumas mais ao menos.
Uma a seguir à outra, vamos deitando ideias para o lixo.
Até que ao final de muita luta, pegamos numa delas e damos-lhe algum seguimento, ela começa a tomar forma.
Mas de vez em quando ela empanca, nós puxamos, torcemos, damos a volta e ela prossegue.
E assim vai continuando o dia. Um passo à frente, um passo atrás, muitos passos ao lado.
Vira revolta e dá a volta. A luta continua, não podemos parar.
Mas nada nos desmotiva. Somos criadores, somos lutadores, sabemos que nada vem sem sacrifício e estamos dispostos a transpirar por aquela ideia simples que diz tudo, por aquela ideia que vai dislumbrar, que vai encantar, que vai deixar todos interrogados sobre a origem do pensamento.
Dão-se mais uns toques, uma cor, um brilho e uns pozinhos mágicos.
A ideia está a ganhar vida, já chora, já respira mas ainda não consegue abrir os olhos. Os pais observam orgulhosos a imaginar qual vai ser o seu futuro.
De repente entra o patrão e diz:
“Não foi isso que eu vos disse p´ra fazer. Não quero saber o que é. Seja lá o que for,mandem essa merda fora que eu já vos disse o que queria.”
E depois tem a sarcastica simpatia de nos dizer a sua ideia, algo que ia contra todos os propósitos do anúncio, uma ideia que nem merece ser chamada de ideia, apenas um desabafo,um comentário mordaz digno de um oprimido que se quer afirmar.
Pensando que não interessa o valor das minhas ou das nossas ideias, mantenho-me no silêncio. Nenhum argumento é valido perante tal postura e os escravos limitam-se a seguir as ordens do seu Senhor.
Observamos impotentes à tempestade que destroi as pequenas embarcações da criatividade. Aguardamos apenas que a tempestade passe.
Convencido, junto com toda a equipa, que aquela ideia não tinha qualquer valor, atiro outra para o ar. Nada de muito original, apenas algo que ia de acordo aos objectivos de quem manda. A minha equipa ri-se com vontade da ideia. O patrão sorri e com um ar condescendente diz algo como “está bem”
Convencido que esta nova ideia não era nada de jeito penso:
“SEJA, ao menos é uma ideia minha”

1 Comments:

Blogger Joana said...

Diz-me, por favor diz-me... Não foi dessa sessão intempestiva que surgiu a Leopoldina, pois não...?? Ou o novo anúncio do Skip, ou lá que detergente é aquele em que aparecem as donas de casa todas contentes a cantar... Por favor, diz-me...!

2:34 da tarde  

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