sexta-feira, janeiro 07, 2005

Eu sou um Freak do Word.

Eu sou um Freak do Word. Há também quem diga que sou um copywriter, um gaijo que faz anúncios, um escritor ou um criativo. Mas eu prefiro dizer que sou um Freak do Word.Uma criação é sempre algo complexo. Desde os primórdios do marketing que consideramos que começa no consumidor e nas suas necessidades. Depois passa pela estratégia, mas passa também por actores, por técnicos de som e imagem e todos eles são criativos. Mas nesta perspectiva também os contabilistas, os educadores de infância e o vendedor de sapatos são criativos. E é verdade, em todas as profissões e mesmo no dia-a-dia todos somos criativos.Mas se quisermos falar em autores altera-se completamente o contexto. Se quisermos falar numa criação como um todo, temos de assumir todo o processo para a sua criação desde a sua necessidade até à sua aplicação.Mas isso eu não eu não tenho opoprtunidade para fazer. Não converso com o meu cliente, não dou as indicações aos actores, nem discuto com os técnicos cujo papel é importantíssimo, mas muitas vezes ignorado. A maioria dos freaks do Word nem se dá ao trabalho de analisar o resultado visual ou sonoro de algo que escreveu para poder aprender com os erros. Será que aquilo que nós escrevemos sai como pensamos. Será que aquela técnica que utilizamos dezenas de vezes não está a resultar em asneiras em série? Onde é que está a aprendizagem.Começando pelo contacto com o cliente. Eu preciso do account. Para gerir prazos, orçamentos, fazer a maioria dos contactos, essencialmente preciso dele como um gestor. O account deve ser, como se propõe, a ser um gestor de clientes. Mas eu preciso de discutir com o cliente o que ele pretende da comunicação da sua empresa. Que estratégia quer seguir ? Inclusivamente, devo ajuda-lo com a minha experiência que é complementar à dele a construir orçamentos, objectivos e acima de tudo calendários. Não pretendo dizer a ninguém como fazer o trabalho deles, porque cada um é um especialista da sua área, mas sendo eu um profissional de comunicação não vou falhar logo à partida recebendo a mensagem de briefing com imenso ruído. O account existe para ajudar, mas a maioria das vezes acaba por ser visto como um tirano.E que tal uma conversazinha com os actores? Os actores são sempre um pouco esquizofrénicos. Eu que o diga, que já fui actor e escrevia peças sempre com personagens esquizofrénicas. O actor está sempre dividido entre ser artista e ser profissional e se for um bom actor aceita conselhos sobre como gerir este paradigma. Mas acima de tudo, os actores têm imensa criatividade e sabem construir personagens como nenhum “freak do word” sabe. Se conversarmos com o actor, ele vai dar várias boas sugestões e vai compreender qual o objectivo que temos para ele.Os técnicos, embora tenham menos manias de artista, são verdadeiros incompreendidos. Quer sejam técnicos de som de tratamento de imagem ou de filmagens só eles percebem verdadeiramente do seu trabalho. Nós percebemos do word, não sabemos de close-ups, nem de frames nem de outras questões técnicas que eles dominam. Não entendemos mas também não temos de entender. Mas quem é que entre nós não sonhou já em criar um anúncio com cenas à Pulp Fiction ou até Matrix? Mas não sabemos o que é possível ou não fazer. Claro que há sempre uns que conseguem mais do que os outros, mas a questão é quanto consegue fazer a nossa equipa técnica. E à semelhança dos actores eles também são muito criativos. Será melhor cortar-lhe o fluxo criativo, dar-lhe toda a liberdade ou sentarmo-nos ao lado deles e dizermos o que queremos e ouvir o que ele tem para dizer. A partir de um certo ponto temos uma linguagem comum, especialmente se trabalharmos frequentemente com a mesma equipa profissional. Por muito que eu gostasse de estar a trabalhar numa praia na Républica Dominicana enquanto enviava os meus trabalhos por mail, um copywriter tem de estar envolvido em todas as fases da construção publicitária. Numa fase mais avançada, cada criativo tem os seus clientes e escolhe as equipas técnicas com quem quer trabalhar. As agências funcionarão como associações onde os criativos se juntam cada um com os seus clientes, para aproveitar as várias sinergias de contactos e economias de escala.

3 Comments:

Blogger Ana João said...

acredita, nunca na minha vida me tinha posto a pesar em "freaks do word" :)

interessante o teu texto: sem duvida nenhuma a criatividade deveria girar em torno de tudo e de todos! talvez ficassemso todos mais espontaneos e interessantes! lol

6:46 da tarde  
Blogger S. said...

És mesmo freak, se achas que alguém vai ter tempo para ler um lençol destes, sem quebras, sem parágrafos, sem bonecos... na net.
Este post, que li apenas na diagonal, dava uns 5 ou 6 posts de muito maior interesse e legibilidade.
Toma tento, Freak do Word, e tenta o Text Edit, o processador de texto mais básico do mercado e tem tudo o que precisas para pensares apenas nas palavras...
...Embora não te fizesse mal nenhum pensar graficamente também.
Afinal, um copy tem necessariamente de pensar por imagens, para além das palavras, dos sons e das sensações.

Até à próxima :)

8:38 da tarde  
Blogger Hugo Ferreira Garcia said...

S.
és refilona à brava, mas até tens razão.
Só agora é que reparei que quando faço copy/paste fico sem os parágrafos.

Mas existe sempre uma relação entre filtrar os impulsos criativos e/ou filtrar os leitores

11:46 da manhã  

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