quinta-feira, fevereiro 03, 2005

Malandreca

Estava eu aqui ao computador quando a Nora Jones começou a sussurrar-me palavras doces ao ouvido.
As músicas dela estão perdidas entre os meus mp3, e confesso que não faço ideia do que ela estava a dizer, mas pelo arrepio que me deu na espinha estava de certeza a ser atrevida.
Seja como for, ela até podia estar a dizer uma receita de culinária que eu por mim perco logo os sentidos.
Não consigo compreender esta relação que os pelos do meu pescoço têm com a Nora Jones que não conseguem ficar quietos.
E de vez em quando, lá aparece ela sem avisar com aquelas provocações ao meu ouvido.
Malandreeeeca.

terça-feira, fevereiro 01, 2005

Não há beleza num mundo triste

Odeio escrever algo quando estou triste.
Não compreendo porquê, mas existe uma ideia que quando as pessoas estão tristes escrevem os textos mais belos.
Os nossos conceitos estéticos estão ligados às nossas emoções e quando estamos tristes tudo é grotesco, feio e desagradável.
Eu adoro sonhar, sempre adorei sonhar. Só parei de sonhar quando achei que algumas coisas me estavam a passar ao lado por estar a sonhar e depois voltei a sonhar por perceber que mais me iriam passar por ter parado de sonhar.
Quando estamos tristes sabemos apenas olhar para baixo e reparar naquilo que caiu, conseguimos pensar naquilo que já tivemos e que já perdemos sem nunca dar o valor que isso teve para nós.
Mas quando caímos sabemos sempre o que temos a fazer:
Primeiro olhar em redor para ter a certeza que não vamos ser atingidos novamente. De seguida colocamos as mãos de forma a nos levantarmos e olhamos para cima.
Aquele pequeno instante em que pensamos "aqui vou eu levantar-me outra vez" determina tudo. Algumas vezes levantamo-nos tão depressa que acabamos a bater num candeeiro baixo e cair outra vez. Outras vezes tentamo-nos rir da nossa própria queda.
Mas com a experiência aprendemos a levantar-nos com alguma calma, com um sorriso interior de quem já sabe que cair faz parte da vida.
Hoje dei por concluída uma das maiores amizades que já tive e também um dos meus part-times. Este part-time não dava dinheiro quase nenhum, mas era algo que eu gostava de fazer e que já tinha inclusivamente feito de graça.
Mas não vos quero falar do sabor do asfalto, não vos quero falar das sombras daqueles que passam por nós sem nos ver no chão.
Quero apenas contar-vos que existe um mundo grandioso onde o sol brilha, mesmo por trás das nuvens e que através de muito esforço, depois de nos levantarmos muitas vezes alcançamos finalmente o equilíbrio.
Quero lembrar-vos que por muito que vos doam os joelhos vale sempre a pena levantarmo-nos de novo.
E digo-vos em tom de terminação, que o momento que eu mais gosto é aquele em que sacudimos o pó das mãos e nos preparamos para outra.

segunda-feira, janeiro 24, 2005

Procuram-se Briefings

Pronto,
já um tipo não pode curtir a sua onda "Baixo" (tradução do google para Down).
Quando se tem um blog para actualizar, temos de dar o corpo ao manifesto e aparecer.
Nestes dias tive a habitual constipação e a tratar dos daqueles afazeres de quem não tem o tempo ocupado. Serviu também para pôr o sono em dia.
Hoje foi o dia de tratar do carro: tapetes, bateria e motor dos vidros elétricos.

Mas o que eu sinto falta é do briefing. Eu não sou um artista, não escrevo do ar. A criatividade vem inserida num contexto, como resposta a uma necessidade.
(A próxima frase deve ser lida ao estilo José Hermano Saraiva)
E foi aqui, neste momento de grande necessidade, que surgiu o meu amigo, o Grande Pek, que disse:
(passar à voz típica do Português que dá sugestões sobre tudo e mais alguma coisa)
Olhaaaaa. Porque é que não fazeeees uma frase para eu publicitar o meu blog ? Hein ?

(voltar à voz normal)
E como um briefing é um Briefing, aceitei e apresentei duas propostas:

(Voz Off)
Estilhaços- Pedaços da alma de um corpo mortal

(Voz Zé-Manel)
Clica Aqui e vê esta cena carago.

terça-feira, janeiro 18, 2005

Alguém tem por aí um emprego para CopyWriter?

Pois é.
Este Blog corre grande perigo.
Eis que o meu estágio chega ao fim e pelos vistos não me querem mais por cá.
E olhem que encontrar emprego no mundo da escrita não é nada fácil (especialmente no mundo da publicidade).
Ali, na recta final, ainda achei que era possível, mas afinal não.
Não me disseram porquê e eu também não perguntei.
Resta-me agora passar pela despensa, pegar nas galochas, no chapéu e na cana, encher-me de garra e ir à pesca do novo emprego.

Portanto sintam-se à vontade para me contactarem se precisarem ou conhecerem alguém que precise de escrever:

- Um spot de rádio
- Um press release
- Um blog
- Um diário
- Um discurso
- Um anúncio de imprensa
- Um poema
- Um manifesto
- Uma declaração de intenções
- Uma carta de amor
- Uma proposta

Qualquer coisa.
Você Pensa. Eu escrevo.

Vá. Bora lá ai a chover com propostas. Bútes

Uma tese de doutoramento em 3 palavras

“Puero si muove”

Estas são as 3 palavras mais bonitas da história.
Resumem em si a mais importante descoberta e a maior tese de Doutoramento que alguma vez terá sido feita pela Humanidade.
Galileu após ter sido repetidamente torturado e ameaçado, receando pela própria vida, afirmou que a Terra era o centro do Universo.
Felizes com esta afirmação, os inquisidores celebraram a vitória e deixaram-no livre.
Mas logo de seguida, Galileu vira-se para os que estavam mais perto e prontos para o ouvir e sussurra:
“Porém ela move-se”.


P.S. Lima. Boa sorte para a tua tese

segunda-feira, janeiro 17, 2005

Viagem ao mundo da Homossexualidade

Quando eu era pequeno...eu não tinha jeito nenhum para dançar. Era muito desajeitado; como se costuma dizer, tinha dois pés esquerdos, embora estivesse cada um devidamente virado para o seu lado.
Quando já andava na faculdade decidi ir aprender danças. Eu achava mesmo piada àquilo.A séerio...... não era só para arranjar miúdas.
As aulas tinham quatro níveis:
O “não dá uma para a caixa”; o “vai se amanhando”; o “garanhão” e o “Homossexual”.
Eu comecei no primeiro onde me encaixava perfeitamente, mas com o tempo fui acertando na caixa (sei lá o que é que isso quer dizer), fui me amanhando e fiquei um verdadeiro garanhão. A sério, isto de dançar dá um jeito enorme com as raparigas.
- Oh se dá.
Mas o problema foi quando eu já estava a dançar mesmo muito bem. Pois é.
O meu professor veio falar comigo e disse-me que eu não podia aprender a dançar melhor.
-Mas porquê?
- Se dançar melhor você tem de ser Homossexual?
- Ser Homossexual? – perguntei – Isso agora não dá jeito nenhum. Numa fase destas ? Pah, que maçada.
- Pois. Tem de ser. São as regras do clube. Confirmou ele.

Naquela de descobrir como funciona isto da homossexualidade fui até à Opus Gay. Talvez encontrasse alguma forma de ser sem o ser.
Quando lá cheguei fui recebido pelo angariador de novos membros: um tipo bronzeado que utilizava uma t-shirt justa em rede e falava Brasileiro.
Comecei por perguntar de que zona do Brasil ele era, mas ele respondeu logo que não era brasileiro. O sotaque era apenas uma questão de imagem. Um brasileiro dá sempre um homossexual mais credível. Segundo ele, homossexuais portugueses são muito banais. Não quis discutir isso com ele. Deixei-o levar a bicicleta.
Depois comecei a perguntar se eu podia ser homossexual sem o ser realmente. Ele lá ficou a pensar sobre o assunto. Mas depois tentava ver logo se me convencia:
-Olha que isto de ser homossexual é giro. Vestimos umas roupas giras, temos umas festas nices.é bacano.
- Sabes? –respondia eu- Eu até não tenho nada contra, mas é que agora não dá jeito. Tive tanto trabalho para construir uma imagem de Gáijo e agora até já conseguia arranjar umas raparigas.
- Mas olha que elas gostam sempre mais dos homossexuais.
- Mas de que é que me vai servir se eu for Homossexual ?
Lá continuámos, mas para mudar de assunto fui lhe explicando alguns pontos porque eu devia receber o cartão de homossexual, sem fazer nada mais hard-core.
Expliquei-lhe que também fazia teatro. Aí ele insistiu que eu dava um bom Homossexual e que para ser bom no teatro também tinha de o ser. Mas aí eu expliquei que não pretendia ser bom actor, preferia vir a escrever peças.
Continuámos a conversa e ele explicou que sendo Homossexual eu teria de pagar quotas para a Opus Gay. Respondi logo que não havia problema com isso. Mas depois ele disse que eu tinha de ir às reuniões. E foi aí que eu fiquei mais preocupado. Eu já tenho tão pouco tempo livre...
- Durante a semana estou ocupadíssimo e ao fim de semana tenho as reuniões do Movimento ........ –expliquei eu
Com muita insistência ele acabou por concordar.
Mas depois continuamos com algumas conversas até que ele perguntou se eu gosto de crianças. E eu respondi:
- Muito. Já tenho trabalhado com crianças em várias circunstâncias e de várias idades e com vários tipos de problemas. Gosto muito de trabalhar como educador ou simplesmente brincar com elas. Acho que nos ensinam muita coisa e tornam a vida muito agradável. Eu próprio sou uma criança assumida.
- Então não pode-respondeu ele- Os homens não podem gostar de crianças. Só as Mulheres. Se um homem gostar de crianças de certeza que é pedofilo e não queremos relacionar isso com os homossexuais, porque depois vêm os jornais a dizer que há uma ligação e podemos voltar a ser perseguidos. E isso não pode ser,claro.
Claro que o convenci de que os meus métodos com crianças não envolviam nada que pudesse ser recriminado ou ser de alguma forma considerado imoral, mas ele não me quis ouvir. Disse que eu não poderia ser Homossexual em nenhumas circunstâncias e que deveria largar imediatamente as danças e o teatro.
Pronto, assim o fiz. Larguei as danças e o teatro. Apenas faço um bocadinho de vez em quando, para seduzir uma rapariga, mas não posso fazer muito. Não vá eu melhorar.
Voltei para as artes marciais, para a minha vida política e para a faculdade como um bom heterossexual que sou.E foi esta a história da minha viagem ao Mundo da Homossexualidade.

sexta-feira, janeiro 14, 2005

Portugal Enterrado e o Zé Manel

A grande maioria dos Portugueses que vive numa cidade gosta de ir passar férias a um sítio que chama a "Terra". Não tem nada a ver com o planeta Terra, é apenas o nome que dá à pequena povoação onde gosta de ir descansar na quinzena de férias em que não vai para o Algarve.
Ao Portugal que engloba todas essas localidades vou dar o nome do Portugal Enterrado. Não quero com isto ofender ninguém. Apenas demonstrar aquele sentimento que todos nós temos ao voltar a esse local onde encontramos memórias há muito enterradas.

O meu cantinho pessoal de portugal enterrado é uma pequena povoação chamada Silvadal, que tem apenas uma tabuleta a indicar e que o intelectual da zona teve a simpatia de acrescentar "HO" para ficar "Silvadalho". Que bonito, o rapazinho devia ser um copy.

Os habitantes mais jovens do Silvadal gostam de por a toalha ao ombro e ir pela estrada e posteriormente por um caminho de cabras para chegar até ao Rio, num ponto onde existe uma pequena cascata e uma daquelas paisagens magníficas de Portugal enterrado.

Muitas das vezes que percorremos este caminho, passa por nós um Renault 19 Branco e alguem grita:
- Olha o Zé Manééééééél.
E todos respondem:
-Uoooooooooooooooooooooh

e assim acontecia várias vezes: "Olha o Zé Manéééééél", "Uoooooooooooooooooooooh"

Por vezes quando íamos a pé até às grandes festarolas da Barriosa lá passava o Renault 19 Branco e lá se ouvia: "Olha o Zé Manéééééél", "Uoooooooooooooh"

Vocês sabem quem é o Zé Manel? : Ele é o filho da Irmã do Marido da Dª Jeromina. Não sabem quem é a Dª Jeromina. Claro que sabem. É cunhada do sogro do tio do Joaquim.
Pois o Zé Manel vive numa zona incerta chamada por todos como "por trás dos Outeiros"
Ah Pois.

Um belo dia de sol naquela povoação chamada Silvadal ouvimos alguém dizer mais uma vez:
"Olha o Zé Manééééél" Mas quando dissemos "UooooooooooooH" apenas passava um Citroên AX.
Acontece que o Senhor, mais dado para o rapaz, tinha estacionado o Renault 19 branco e vinha a pé. E conhecemos a figura que era merecedora da saudação Silvadalmente conhecida como:
"Olha o Zé Manel", "Uooooooooooooooooooooh"

E como todos vós conhecem uma povoação assim como o Silvadal, onde existe um Zé Manel e um Renault 19 Branco que vêm lá de trás dos outeiros, espero contar algumas histórias desta personagem que nunca aconteceram, mas podiam muito bem ter acontecido com este ou qualquer outro Zé Manel.

UOOOOOOOOOOOOOOOOOOOH

quarta-feira, janeiro 12, 2005

Festa na Agência

Hoje houve festa na agência.
Começou por um almoço com catering e uns pormenores simpáticos mas normais.
Como é costume os empregados do catering estavam com aquela cara de :
"odeio pessoas bem dispostas. O meu proximo trabalho há de ser numa agência funerária."

Mas entretanto não se sabe bem porquê foram se pondo músicas apimbalhadas. O melhor que passou foi Glorya Gaynor com "I Will Survive". Imaginem o resto.

A páginas tantas estavam as mulheres a fazer o comboio. Iam saindo da empresa, mas lá se lembraram do aspecto. Entretanto as mulheres ocupavam a sala de reuniões e nós, Homens, ficamos com algum medo de lá entrar. Mas lá houve um corajoso, que acabou por sair de lá a fugir de uma senhora que o tentava agarrar à força. Antes dele saiu ainda a camisola que foi despida pela comunidade feminina

Os copos foram continuando, as musicas foram piorando e a paginas tantas a aniversariante agarrou-me para dançar e lá descobriram o meu segredo (danço demasiado bem para um branco). Feita a figura acabei por me desinibir e juntei-me à parvalheira.

Entre umas pessoas que já não andavam a direito e outras que tiveram de ser ajudadas, estou para ver as reacções amanhã.
Entretanto o meu computador tinha avariado justamente no dia em que faltou a designer que trata da informática.

Eu adoro trabalhar em publicidade.